quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Happiness is a warm gun!

Pai - Você é feliz, filha?

Vevê – Nop! No momento, não, pai. Tenho de terminar de ler esse livro aqui. Nem peguei no jornal ainda. Não estou com a mínima vontade de ir ao estágio hoje. Meu instrutor é um machista que, além de não valorizar o desenvolvimento das mulheres na sociedade, não acredita no potencial da minha baliza.
E, pra variar, bati com meu querido pé na porta do quarto. Tá doendo, droga!

Pai – (Risos). Então por que você não experimenta desacelerar um pouco?

Vevê – Se eu desacelerar é pior, pai. Acredite! Mas não se acanhe, não. Nem você e nem ninguém é responsável pelo meu desagradável momento. É problema meu. O que não te impede de fazer um carinho no meu pezinho direito, né?! Poxa, dessa vez a pancada foi forte! hãm? heinn?

Frequentemente meu pai perturba meu estado de espírito com essa pergunta categórica. Assim, de repente, ele lança esse aforismo a minha alma. Como se estivesse mesmo muito preocupado com a resposta. E como se a condição deu estar feliz ou não fosse, sim, um problema dele. Ou melhor, fosse inerente as suas ações. Ou ao que ele reservou a minha vida. Parece.

E, na qualidade de pai, imagino eu, que isso realmente seja uma preocupação para ele.

A situação acima mencionada foi uma exceção. Na esmagadora maioria das vezes em que ele me direge essa pergunta, eu não levo na esportiva fazendo comparaçõezinhas vãs que, dentro do contexto, justificariam meu estado infeliz.

Eu falo sério (até porque não gosto que meu pai fique lembrando-me toda hora dessa tal “felicidade” e que é importante alcançá-la e talz e talz e talz).

Eu penso o momento (ao qual ele fez a pergunta) e digo a minha impressão sobre o mesmo – se é um momento feliz, infeliz ou normal.

Sim! Sou cruel!

Mas raramente respondo a alternativa “infeliz”. Pra falar a verdade, nem lembro da vez que usei essa opção.

Resumo a minha resposta – como uma maneira de fugir logo da pergunta - dizendo que a felicidade é efêmera. Mutável. Sensível.

E completo dizendo que, esse tal “Mundo das Idéias”, ao qual Platão um dia tentou teorizar, não passava de uma tentativa covarde, considerada as circunstâncias frustrantes (infelizes) que ele deve ter passado em vida, de projetar uma felicidade transcendental.

Uma maneira fácil de morrer com esse assunto com meu pai. Pois é!

A felicidade é uma questão, se assim posso colocar, que, bem ou mal, todos nós aspiramos ou cogitamos alcançar de certa forma. É inegável. (Curioso eu dizer isso tendo em vista, até então, a minha absoluta despreocupação com essa busca loucaaa e a minha parcial despreocupação com o amanhã. Carpe Diem! Haha).

O grande problema, no entanto, que eu venho observando, é como as pessoas relacionam, tão somente, a sorte e a validade de sua felicidade às pessoas que amam e que dizem amá-las. It's so sad!!

Tudo bem, você não vai ser completamente feliz se seus familiares, amigos, seu cachorro e todo o ser que você coloca amor não passar bem e não compartilhar desse estado com você. Eu sei.

Mas você não pode cobrar deles a sorte de sua felicidade. E nem deve cobrar tanto isso de si mesmo em relação ao próximo. O grande mistério é que esse impulso e essa vontade de encontrar o bem-estar, em minha opinião, têm de partir de nós mesmo.

A alegria individual deve anteceder a alegria social. Mas isso nada tem a ver com egoísmo. E, sim, com harmonia pessoal. Longe de mim fazer alguma apologia ao egocentrismo. No way!

Enfim, é aquela velha história: o que adianta estarmos bem com o outro se não estamos bem com nós mesmo?! Vai faltar algo, não vai?

Talvez seja por isso que existem tantas pessoas reclamando de infelicidades conjugais e tudo mais. Talvez porque elas se esqueceram de procurar a solução do problema nelas próprias. Ou, então, porque estão procurando equivocadamente a felicidade em bens materiais.

Imagine um mundo em que cada um fizesse sua parte quanto ao que coloquei. Acho que é sonhar um pouco demais, né?!

Porém, todavia, contudo, entretanto, considerando a relatividade do conceito felicidade, esse post aqui nada quer dizer.

Ou seja, vai ver a plena felicidade deva estar lá, no “Mundo das Idéias”.

Vai entender.

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