domingo, 28 de novembro de 2010

My Blueberry Nights - parte I!

(Cartão Postal – 22/11/2010)

Charlie!

As estradas estão alongando-se de tal forma não prevista. Entropia?
Essa é a impressão que tive quando as enfrentei. O meu referencial agora é palpável e eu chego a essa conclusão me baseando nele.

Confesso que me aventurar sozinha nessa viagem, no início, acrescentou-me certo medo e hesitação. Mas já passou! Encontrei uma coragem absurda de descobrir, comigo, as coisas e as pessoas e os sabores. O prazer é doce e tem gosto de petit gateau.

A cidade é roxa e bem fria. E o café fraco e quente. Adorável!

Hoje conheci seu Boris, um senhor ranzinza de barba cuidadosamente mal feita, prêmio Nobel em mecânica quântica. Ele me falou – enquanto eu gastava os meus curtos minutos de almoço comendo um sanduíche barato que achei vendendo aqui - sobre física e o conceito de entropia. Acho que não entendi direito a ótica de o estado natural das coisas ser o caos, mas adorei a prosa. Essas coisas de filosofias diferentes e outras crenças sempre me agradam. Sei que simpatizei com a entropia.

Quando tiver novas, volto a escrever.

Ah, ouça ‘Yumeji's Theme’. Essa canção tem me ajudado a dormir. Ainda não me curei do fuso horário.

Beijo,
V*

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Móveis coloniais de acajú!

Escrever para materializar sentimentos é camuflar-se nas letras, entrelinhas e possibilidades da ficção. É a inércia das palavras. O conforto da teoria.

Se eu posso se romântica, sonhar e enxergar um mundo mais colorido, faço isso com literatura e escrevendo. Ocultar minhas letras e privar-me de escrever é demasiado racional às palavras singelas. Censura!

E tão pouco sou o que escrevo. Palavras medidas são só o que eu consigo precisar de mim.

Caí de súbito na multidão do show depois do encontro casual. É mesmo tudo um acontecer de encontros e desencontros.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Into the mind!

É curioso como algumas obras de arte começam a fazer merecido sentido e a importar muito depois do primeiro contato que se tem com elas.

Este é o efeito "Into the wild". Ou ao menos foi assim comigo...

O filme parece começar a rodar na nossa mente só após os créditos descerem. Há quem compreenda, acredito, de fato, a mensagem que se pretende passar tempos depois de tê-lo assistido.

Quando vi "Natureza Selvagem" pela primeira vez, não desconfiei o quanto o longa, ou melhor, a narrativa em si, já que se baseia em fatos reais, ia revolucionar meu emocional e fazer-me repensar algumas ideias, conceitos existenciais e sociais. Acho que a mensagem você vai pegando aos poucos na vida e nas imprevisibilidades dos acontecimentos.

A sutileza com que o drama é contado faz do filme uma obra de arte e da catarse certa. Não esquecendo a trilha sonora, que Eddie Vedder conduz magnificamente.

A história é de um rapaz que, por necessidade de sentimentos mais intensos, foi além do superficial do social e saiu em busca de sua verdade interior. Para tal, ao terminar a faculdade, abandona a casa dos pais, muda de identidade e mete-se na estrada com o objetivo de chegar ao Alasca.

A viagem de que se trata "Into the wild" é, na verdade, uma excursão à natureza interior do homem. Um convite à filosofia do "Conhece-te a ti mesmo", às fronteiras da razão e da emoção, se assim posso colocar.

Os quilômetros percorridos pelo jovem Chris McCandless até o Alasca nada mais são que uma metáfora para as estradas existenciais que o levam ao encontro do seu próprio ser, da sua identidade.

A comunhão de Chris não é só com a natureza. É com o bom selvagem que ele redescobriu existindo nele.

O filme fica. Mesmo depois de acabar!

“ Cause some people feel like they don't deserve love. They walk away quietly into empty spaces, trying to close the gaps of the past."

"Os dias que eu me vejo só são dias que eu me encontro mais. E mesmo assim eu sei tão bem existe alguém pra me libertar..."

sábado, 16 de outubro de 2010

Traduzir-se

Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém
Fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim, pesa
Pondera
Outra parte, delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem
Traduzir uma parte noutra parte
Que é uma questão de vida ou morte
Será arte?
Será arte?

(Ferreira Gullar)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

'O brasileiro é só estômago e sexo'!

“O termo ‘política’, em qualquer de seu uso, na linguagem comum ou na linguagem dos especialistas e profissionais, refere-se ao exercício de alguma forma de poder e, naturalmente, às múltiplas consequências desse exercício. (...) A política passa, neste caso, a ser entendida como um processo através do qual interesses são transformados em objetivos e os objetivos são conduzidos a formulação e tomada de decisões efetivas, decisões que ‘vinguem’.”

“(...) É impossível que fujamos da política. É possível, obviamente, que desliguemos a televisão, se nos aparecer algum político dizendo algo que não estamos interessados em ouvir. Isto, porém, não nos torna ‘apolíticos’, como tanta gente gosta de falar. Torna-nos, sim, indiferentes e, em última análise, ajuda que o homem que está na televisão consiga o que quer, já que não nos opomos a ele. O problema é que, por ignorância ou apatia, às vezes pensamos que estamos sendo indiferentes, mas, na verdade, estamos fazendo o que nos convém.”

“(...) O que se pretende mostrar com isso é que, queiramos ou não, estamos imersos num processo político que penetra todas as nossas atitudes, toda nossa maneira de ser e agir, até mesmo porque a educação, tanto a doméstica quanto a pública, é também uma formação política. Com algum esforço, podemos perceber em que medida estamos submetidos e podemos atuar (politicamente, é claro) para procurar alterar a situação, se ela contraria o nosso interesse, mesmo que seja apenas um interesse sem conteúdo material, de natureza moral ou ética. Cada ato nosso, ou cada maneira de ver as coisas pode ser examinado à luz da concepção de política exposta aqui, às vezes com resultado chocantes, se temos a sorte de ser suficientemente honestos e objetivos.”

“(...) Assim, quando estamos pensando em cuidar de nossa vida apenas, sendo ‘apolíticos’, na verdade estamos somente com a vista curta ou então somos comodistas, não achando que as coisas estão tão ruins assim, para que procuremos fazer algo para mudá-las. Quando alguém diz, como é frequente lermos em entrevistas aos jornais, que ‘está em outra’ e que ‘não liga para a política’, está, naturalmente, exercendo um direito que lhe é facultado pelo sistema político em que vive. Ou seja, em última análise, está sendo um político conservador, não vê necessidade de mudanças. Então não é ‘apolítico’, palavra que indica ‘ausência de política’. No máximo, falta-lhe a consciência de seu significado e papel político – significado e papel que todos têm -, uma coisa muito diferente. Pois o apolítico não existe, é somente uma maneira de falar, por assim dizer.”

(João Ubaldo Ribeiro)

Cansada de ser de esquerda, de direita, centro-esquerda ou centro-direita. Cansada de ser apartidária. Ou de ter partido. De ser 'apolítica'. Ou política, por assim dizer. Cansada do idealismo vão. Ideologia sem atitude é o mesmo que "fuder pela virgindade". Teoria sem ação. Cansada!

"Eu quero é que todo mundo vá tomar no cu" (Amarelo Manga)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Alfajor!

Em terras de Perón
Fascismo passou-me longe.
Ô, carisma contagiante.

Mulher importante não é mais primeira dama
É governante!

Florida, querida, compraste até meu coração.
Em Pesos levo o teu valor.

Em meio à noite fria
O calor fez-me companhia
Nos passos calientes do tango.

Felicidade passageira
Em mim fez morada, em La Plata,
Terra estudantil.

Argentina querida,
Quero-te como um alfajor!

domingo, 12 de setembro de 2010

'I can't get no satisfaction...cause I try!'

É bom que os desejos apareçam e sejam canalizados. Dá aquela sensação de satisfação que faz com que as coisas se movam na sensata proporção que nos faz mover com elas.
Decerto eles não ficam. Nem a satisfação nem o desejo. Em parte. Ou não, pelo menos, da mesma maneira que nasceram. A validade começa a valer no prazer. Que, por vezes, é instantâneo.

Eu sempre achei que não desejar é depressivo. Desejar um par de sapatos, tê-los e ver minha ansiedade inicial morrer me faz sentir viva. Tal como renovar meus desejos me faz querer continuar. Continuar a viver, a desejar e a amadurecer desejando. É saudável. Embora sinceramente nunca me sinta satisfeita por completa. O que é natural quando pensamos ser seres inacabados ou em eterna formação.

Tem um desejo primordial, parece, que conduz todos os outros. Um desejo central, ao redor do qual desejos secundários orbitam. Tipo aquele pacote de Sedex fechado que faz o Náufrago querer continuar. Continuar a sobreviver, pois, para desejar.


Veleidade! Usar essa palavra me faz crer em Reminiscências e desejar saber o por quê!

sábado, 10 de julho de 2010

The dreamer!

Eu queria ficar assistindo "The Dreamers" para sempre e sonhar junto deles toda vez que assistir. Mas a vida me obriga a desligar a tevê e me confere coisas casuais.

'O que te sobra além das coisas casuais?'

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fotografia!

A nitidez da imagem não se fez nítida.
Ou você não era você ou era nítido demais como nunca estivera.
O frame captou a parte que eu desconhecia e que você teimava em deixar de fora.
A sua parte espetáculo. O você todo aparência na fotografia.

Eu te fotografei diferente. Te enxerguei no olhar subjetivo que eu empreguei e emprestei à imagem.
Talvez o que eu registrei nem fosse você mesmo. Ou o que posou ser.
Ao te fotografar, na verdade, eu fotografei a mim mesma e o você que eu criei à luz do meu olhar ingênuo.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sou!

Perdi uma parte de mim quando abri mão de ser com você.
Porque sempre perdemos um nós da gente quando deixamos de ser o que éramos enquanto estamos com alguém.
Um "eu" só é um vazio procurando ser "sou" em reciprocidade. Somos passíveis de ser mais em companhia.

Acho que sou a soma do eu com o vós. E o nós deixou de ser quando o perdemos.

Agora fico, cá, procurando ser sou de novo só em mim.

domingo, 2 de maio de 2010

Apenas fã!

Eu queria. Queria aprender a viver como você faz.
Assim, da tristeza nascer flor e poesia.
E da poesia, que aos olhos alheios colore, encantar.
Mas encantar sem se preocupar com o quê ou quem. Encantar por encantar. E ponto.
E da solidão atrair.
Assim como você fez.

Eu queria, sim. Ah, como eu queria.
Renascer fé nos outros como as suas palavras renascem em mim.

Eu queria, mesmo que por um dia, pontuar.
E ver tudo se transformar em alegria.

Ah, como eu queria!

E eu quero, distante, no meu lugar de fã e de blogespectadora, acompanhar a nova fase da tua poesia!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

desconversando!

É que eu sou apática à essa ideia de sentido. Esse consensual todo de falar breve e claro parece conversa de português. Se o nosso pensamento é incoerente, nossa comunicação é falha. Infeliz. Ficar procurando linearidade e sentido nessa conversa é necessidade humana. E necessidade é concreto. Não cabe ao abstrato de nossos pensamentos inconscientes encontrar solução para suas necessidades (?). Isso é que não faz sentido. E ainda tem mais: as palavras são inertes, sabe? E se eu entrar nessa discussão de Newton aí é que não vou concluir nada. Porque assim terei de falar (coerente ou incoerentemente, tanto faz) da singularidade e particularidade presente no processo de decodificação das palavras e das palavras em seu contexto e talz. Por isso eu prefiro o não dito. O não dito, sim, é sincero. É seu. Não é prisioneiro do consenso que é o falar com sentido. Não dizendo nada você acaba dizendo mais, meu bem. Coerente ou não linearmente, tanto faz.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Waking life!

? - Apaga a luz, por favor!

?? - Mas você não tinha medo de escuro?

? - Sim, mas se isso for mesmo um sonho, a luz não vai apagar e eu nunca mais terei com o que me apavorar! Despertarei de vez dessa caverna...

?? - Para isso é preciso conhecer o mais profundo e escuro. Aquilo que existe em mim, em você e em todos aqueles sem despertadores.

? - Eu sei..."There is a light that never goes out"!

?? - Talvez não seja hora de acordar ou de sonhar, tanto faz!

? - "Guarde um sonho bom pra mim..."

"Living is easy with eyes closed..."

terça-feira, 9 de março de 2010

Durma-se com um pagode desses!

Fungindo um pouco às pseudo-regras e ao pseudo-perfil do blog, segue um texto cuja a autoria não é minha!

Um Assunto digno de Popular!

Por Arnaldo Jabor

"A grande revolução das banalidades...

No início dos anos 60, como a política real era chata e dava muito trabalho (porta de fábrica, panfletos e, depois, coragem para morrer), nós, artistas "revolucionários", transferimos para a "Cultura" - com "c" maiúsculo - nosso sonho de mudança histórica. Iludíamo-nos com isso; o Brasil ia ser "salvo" por nós, em uma espécie de amanhecer iluminista. O presente era duro, mas o subdesenvolvimento nos santificava; nossa pobreza era uma forma de "superioridade" franciscana, mais autêntica do que os "falsos" problemas europeus, tais como a angústia do pós-guerra.

Dizíamos: "a angústia diante do absurdo é frescura de rico". A estética da fome nos enobrecia; a fome dos outros, claro.

O subdesenvolvimento era nossa única riqueza. O mundo era dividido em "centro" versus "periferia", numa espécie de bem e mal geográficos. Sentíamo-nos como mártires enfrentando o leão da Metro.

Usávamos essa divisão entre "colônia" e "metrópole" como pretexto para nos absolver e camuflar as doenças hereditárias de nossa formação, tais como: a cordialidade corrupta, o escravismo na alma, a falsa democracia. Todos os vícios de uma formação patrimonialista ficavam perdoados por nossa condição de "vítimas dos norte-americanos".

Achávamos até "bonitinha" nossa incompetência - um charme mestiço; achávamos a "doce" esculhambação brasileira quase uma forma de "originalidade" - uma poética da precariedade. O desrespeito à coisa pública era visto como atos da nossa simpática tribo de macunaímas, contra a caretice "organizada" dos países desenvolvidos - "os grandes culpados".

Falava-se de "revolução" como de Papai Noel. Não havia futuro algum para aquele janguismo mágico, coroado por frases bombásticas de Darcy Ribeiro, mas, mesmo assim, achávamos que ia rolar um socialismo dançante sem sangue, sem esforço, uma revolução doce e fácil "feita pelo governo" (até para a subversão dependíamos do Estado...). Poucos nomes nos foram tão apropriados como "esquerda festiva".

A ditadura veio como uma inevitável porrada histórica. Mas, mesmo durante a ditadura, os mais burros persistiram em seu destino de "vítimas santificadas" do imperialismo, agora confirmado pela "realidade objetiva". Falo de artistas e "nerds" porque na luta direta houve vários heróis suicidas.

Outros artistas e intelectuais aprenderam com a desgraça de 64, descobriram que o buraco é mais em cima e que não estávamos preparados para a tal "revolução".

Já tínhamos tido, é verdade, várias cepas de cultura: a antropofagia de Oswald, tínhamos tido o concretismo e seu fecundo formalismo, influenciando uma estética mais ambígua no Cinema Novo e no tropicalismo. Esses movimentos relativizaram as certezas nacional-populistas. Glauber, Caetano e Gil previram a globalização da economia. Mas, mesmo com esquematismos de um lado e complexidades de outro, a cultura brasileira continuou com um forte élan finalista, com um porto ao longe, um paraíso ao fim da linha.

Ou seja, de "esquemáticos" e "complexos", "dependentes" à Cebrap ou "onipotentes" à Iseb, continuávamos a cultivar um projeto de país, com um sebastianismo denegado. "Nova esquerda" ou "velha esquerda", tínhamos um encontro marcado com o futuro para nosso Estado-nação. Cultura precisa de esperança, mesmo se vã.

Agora, o trauma da globalização foi mais terrível para artistas e intelectuais esperançosos do que a ditadura de 64.

A ilusão de "futuro cultural" compensava nossa impotência política; agora, nem mais isso. Tiraram-nos a doce ilusão de "controle" da história e da "evolução dialética".

Estamos passando por um túnel de lixo, talvez a parte suja de uma "destruição criadora". A dor para minha geração é imensa, pois queríamos construir a utopia luxuosa de um país maravilhoso.

De repente, nos vimos como uma nação sem futuro claro e com um enorme presente de trilhões de informações banais. Começou a grande tempestade de conceitos sem rumo nos twitters e facebooks. A transcendência bateu as asas; ficamos apenas com o dia a dia; ficamos "vazios" como os norte-americanos que trabalham como formigas e cuja única utopia são o mercado e a aposentadoria. A "macdonaldização" do mundo nos tirou o charme de atores de um processo, mesmo como vítimas "exploradas". Hoje viramos fregueses de um mercado. E com a massificação geral do audiovisual, com a invasão de bagulhos culturais, com o acesso da ignorância aos "media", estamos assistindo à vitória da verdadeira cultura brasileira: o triunfo do analfabetismo democrático.

A sordidez nacional que a democracia exibe (na política e na cultura), ao mesmo tempo, nos anestesia e nos desperta (oh, contradição...). O Brasil está mais louco, mais vulgar, mais nu, mas também muito mais interessante do que há 40 anos, até porque, mesmo ignorantes, estamos mais conscientes de nossa própria chanchada. Mergulhamos nas irrelevâncias em busca de alguma resposta.

No entanto, tive um estalo: há uma nova transcendência sob essa bandalheira, uma totalidade feita de irrelevâncias.

A democracia nos trouxe uma revolução de rica vulgaridade. Temos a democratização de uma cultura de baixo consumo, um feio Carnaval que não sabemos ainda como criticar, a não ser como "brega", de nariz torcido. E temos de dormir com um pagode desses...

A verdade irônica é que nunca tivemos tanta produção cultural, de baixa extração (hélas!...), com uma euforia cretina, brutal, mas autêntica. Há uma grande "vitalidade" nesse cafajestismo cultural. Não sei em que isso vai dar, mas o futuro chegou: sujo, grosso, mas chegou. O povo se expressa, sem dirigismo nem utopias, no pleno exercício de sua sagrada ignorância. Apesar de eu estar com os cabelos em pé, no meu horror de "utópico deprimido", estamos vivendo uma verdadeira revolução cultural.

Como Orwell escreveu na ultima frase de "1984": "Finalmente, ele amava o Big Brother...". Eu também."

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Match Point!

V - sem dúvida, esse saiu vitorioso, comparado aos dos últimos meses. Está há mais de uma semana tirando minha quietude.

C. A.- E daí? Não acho que seja pauta para cá. Afinal, você já o
assistiu anteriormente e não foi tão merecedor assim.

V - Só que agora é diferente.

C. A. - Vai linkar isso com quê? Lá vai você de novo misturando as
coisas e não concluindo nada.

V - Não sei. A ironia sutil implícita- com que ele tratou o acaso -
disse-me algo.

C. A. - AHam!

V - Paixão, inocência, traição, ambição, cinismo, sexo, culpa, sorte,
belo coletivo narrativo, não? É drama e Londres, caramba....Allen!

C. A. - Foi a sorte, certo?

V - Não lembro-me de ter lhe dado esse crédito todo pra você ficar
questionando-me sobre o que escrever aqui. Foi a sorte, em especial. Confesso!

C. A. - E daí?

V - E daí que foi de Ace. E apesar do surreal e da ironia toda...a questão sorte caiu certeira.

C. A. - Explique-se.

V - "É que a sorte é preciso tirar pra ter"

domingo, 31 de janeiro de 2010

Olhos de diretor!

Eu enquadro tudo à película da minha retina. Quadrada!
Dou o melhor plano à arte minha.
Enquadro ele e ela num contra-plano. Face a face.
Em seguida exploro um extra. Fujo da tensão.

Eu dirijo um filme.

Ressalto as cores na alegria e no amor.
E preto e branco na incerteza e solidão.

A trilha sonora é protagonista.
De um filme sem comunicação.

Faço um travelling quando o suspense convém. Ou a aflição.

Dirijo um filme de ficção.

Gravo. Focalizo. Dou o melhor ângulo e quadro. Faço close e distancio. E erro.
Vejo colorido no preto e branco e preto e branco no colorido.
Ação, olhos. Gravando.

A dois olhos, de um só diretor, crio uma obra cinematográfica.

Quando canso, faço um plano-sequência inteligível ao contexto.
E corto. Corto pra mudar de cena.

Eu ando assim, vendo tudo enquadrado.

Dirigindo um filme sem roteiro.